sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A tríade vitruviana
Na obra de Vitrúvio, definem-se quatro os elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas (que se refere à estabilidade, ao carácter construtivo da arquitetura/resistência), a utilitas (que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo), a venustas (associada à beleza e à apreciação estética) e o decorum (associado à dignidade da arquitetura, à necessidade de rejeição dos elementos supérfluos e ao respeito das tradições/ordens arquitetônicas).
Desta forma, e segundo este ponto de vista, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e bem estruturada (firmitas), possuir uma função (utilitas), respeitar as ordem clássicas (decorum) e for, principalmente, bela (venustas). Há que se notar que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos elementos mais polémicos das várias definições da arquitetura.
Definição moderna
Uma definição precisa de arquitetura é impossível, como já foi ressaltado, dada a sua amplitude. Como as demais artes e ciências, ela passa por mudanças constantes. No entanto, o excerto a seguir, escrito por Lúcio Costa, costuma gozar de certa unanimidade quanto à sua abrangência.
"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente e não deve se confundir com arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto, desde a germinação do projeto, até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo - determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.
A intenção plástica que semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção."
Esta definição é entendida como um consenso pois ela resume praticamente toda uma metade de século de pensamento arquitetónico: a visão de Lúcio Costa sintetiza as várias teorias propostas por arquitetos pertencentes à arquitetura moderna. Dado que o moderno procurou se colocar não como mais um entre vários estilos, mas como efetivamente a arquitetura, e sua visão de mundo tornou-se predominante, ela tornou-se por fim um consenso. A teorização proposta pela arquitetura moderna engloba, no entanto, também toda a arquitetura produzida antes dela, já que ela manifesta claramente que a arquitetura surge de um programa, incorporando as variáveis sociais, culturais, económicas e artísticas do momento histórico. Na medida em que os momentos históricos são heterogêneos, a definição moderna da arquitetura não ilegítima nenhuma outra manifestação histórica, mas ativamente combate a cópia de outros momentos históricos no momento contemporâneo.
Estilo e linguagem









Quando se pensa em algum tipo de classificação dos diferentes produtos arquitetônicos observados no tempo e no espaço, é muito comum, especialmente por parte de leigos, diferenciar os edifícios e sítios através da ideia de que eles possuem um estilo diverso um do outro.
Tradicionalmente, a noção de estilo envolve a apreensão de um certo conjunto de fatores e características formais dos edifícios: ou seja, a definição mais primordial de estilo é aquela que o associa à forma da arquitetura, e principalmente seus detalhes estético-construtivos. A partir desta noção, parte-se então, naturalmente, para a ideia de que diferentes estilos possuem diferentes regras. E, portanto, estas regras poderiam ser usadas em casos específicos. A arquitetura, enquanto profissão, segundo este ponto de vista, estaria reduzida a uma simples reunião de regras compositivas e sua sistematização.

Arquitetura clássica e renascentista em Roma.












- Esta é uma ideia que, após os vários movimentos modernos da arquitetura (e mesmo os pós-modernos, que voltaram a debater o estilo) tornou-se ultrapassada e apaixonadamente combatida. A arquitetura, pelo menos no plano teórico e acadêmico, passou a ser entendida através daquilo que efetivamente a define: o trabalho com o espaço habitável. Aquilo que era considerado estilo passou a ser chamado simplesmente de momento histórico ou de escola. Apesar de ser uma ruptura aparentemente banal, ela se mostra extremamente profunda na medida em que coloca uma nova variável: se não valem mais as definições historicistas e estilísticas da arquitetura, o estilo deixa de ser um modelo amplamente copiado e passa a ser a expressão das interpretações individuais de cada arquiteto (ou grupo de arquitetos), daquilo que ele considera como arquitetura.
Portanto, se é possível falar em um estilo histórico (barroco, clássico, gótico, etc.), também torna-se possível falar em um estilo individual (arquitetura Wrightiana, Corbuseana, etc).
 
Arquitetura grega: Academia de Atenas






 
Arquitetura sino-oriental: Portão da Grandeza Divina







   
Arquitetura egípcia: Templo de Edfu






Arquitetura indiana de raízes islâmicas: Taj Mahal






grandes arquitetos
ordem alfabética:
Aalto, Alvar (1898-1976).
Arquiteto finlandês. Combinou em sua obra os princípios da arquitetura moderna e a tradição finlandesa da moradia.
Alberti, Leon Battista (1404-1472).
Arquiteto, escritor e humanista italiano. Sua obra ajudou a fixar as bases da arte e da arquitetura renascentistas.
Alen, William van (1882-1954).
Arquiteto norte-americano: Chrysler Building (1930).
Barragán, Luis (1902-1988).
Arquiteto mexicano. Sua obra se caracteriza pela busca de integração das formas ao meio ambiente.
Bardi, Lina Bo (1914-1992) .
Arquiteta Brasileira -Museu de Arte de São Paulo (1968); Sesc Fábrica da Pompéia (1977-1986) em São Paulo, SP.
Bernardes, Sérgio (n. em 1919).
Arquiteto brasileiro. Notável por seu estilo original, autor do projeto de integração de Salvador e do recôncavo baiano.
Bernini, Gian Lorenzo (1598-1680).
Arquiteto italiano: ampliação do Palácio Pontifício Quirinale (1656); colunas da praça da Basílica de São Pedro (1656-1665).
Borromini, Francesco (1599-1667).
Francesco Castelli, arquiteto italiano. Deu ao barroco uma nova dimensão, com suas criações ousadas.
Botta, Mario (1943)
Nascido em Mendrisio, na Suíça, o arquiteto começou a estudar desenho técnico no Liceo Artistico, em Milão. De 1965 a 1969, estudou no Istituto Universitario di Architecttura di Venezia. Entre suas obras mais importantes estão o Museum Jean Tinguely, a Santa Maria degli Angeli e a Chiesa a Mogno. Nos anos 80 passou a construir uma reputação internacional, principalmente depois que projetou o San Francisco Museum of Modern Art - SFMOMA.
Bramante (1444-1514).
Donato d'Angelo ou d'Agnolo Lazzari, arquiteto e pintor italiano. Suas obras deram feição clássica e caráter nacional à arquitetura renascentista da Itália.
Brunelleschi, Filippo (1377-1446).
Arquiteto e escultor italiano. Um dos precursores da estética renascentista.
Calatrava, Santiago (1951)
Nascido na Espanha, este arquiteto, engenheiro e artista plástico, rapidamente fez fama por seus projetos inovadores e artísticos.
Churriguera, Alberto (1676-1750).
Arquiteto espanhol. Membro de uma família de arquitetos que se distinguiu na passagem do século XVII ao XVIII, com a adoção do estilo barroco chamado churrigueresco.
Costa, Lúcio (1902-1998) .
Arquiteto Brasileiro criador da Cidade Universitária da Ilha do Fundão (1936); Ministério da Educação e Saúde – atual Palácio da Cultura (1936-1943); Parque Guinle (1948) no Rio de Janeiro, RJ; projeto urbanístico de Brasília (1956-1960) no Distrito Federal; plano diretor da Barra da Tijuca (1969) no Rio de Janeiro, RJ.
Ekman, Karl (1866-1940) .
Arquiteto brasileiro autor do projeto da Vila Penteado (1902) em São Paulo, SP.
Fischer von Erlach, Johann Bernhard (1656-1723).
Arquiteto e escultor austríaco. Seu estilo barroco é marcado pelo encontro de elementos contrastados.
Fuller, R. Buckminster (1895-1983).
Arquiteto americano. Famoso pela invenção do domo geodésico, de grandes proporções, erguido diretamente como estrutura arquitetônica completa.
Gaudí, Antonio (1852-1926).
Antonio Gaudí y Cornet, arquiteto espanhol. Um dos grandes inovadores da estética modernista, com sua arquitetura original que escapa a classificações convencionais.
Gropius, Walter (1883-1969).
Arquiteto alemão. Fundador da Bauhaus, suas concepções influenciaram os principais movimentos de vanguarda da arquitetura no século XX.
I. M. Pe (1917)
Ieoh Ming Pei nasceu em 1917, na China, de onde saiu ainda jovem para estudar arquitetura na Massachusetts Institute of Technology - MIT. Entre seus mais famosos projetos estão o da East Wing National Gallery e do Bank of China. Laureado em 1983 com o Pritzker Architecture Prize.
Kurokawa, Kisho (1934)
Arquiteto japonês, fundou nos anos 60 o Metabolism, movimento japonês contra o modernismo ocidental. O site apresenta o livroPhilosophy of Simbiosis e um resumo fotográfico de suas obras desde os anos 70. Divulga seu currículo e informações na imprensa, em encontros científicos e outros. Aponta ainda para suas empresas dando detalhes sobre sua atuação em cada uma delas, suas funções e serviços.
Le Corbusier (1887-1965).
Charles-Édouard Jeanneret, arquiteto francês nascido na Suíça. Expoente da escola racionalista, sua obra combina funcionalidade moderna ao tratamento escultórico.
Leão, Carlos Azevedo (1906-) .
Arquiteto brasileiro autor do projeto doMinistério da Educação e Saúde – atual Palácio da Cultura
(1936-1943) no Rio de Janeiro, RJ.
Ledoux, Claude-Nicolas (1736-1806).
Arquiteto francês. Redescoberto na década de 1920, foi precursor da moderna arquitetura funcional
Loos, Adolf (1870-1933)
Arquiteto tcheco, nascido em Brno, em 1870, e morto em 1933 na Áustria. Fez seus estudos na Royal and Imperial State Technical College, na Boêmia, e na College of Technology, em Dresden. Loos ganhou mais notoriedade por seus escritos do que por seus projetos arquitetônicos
Meier, Richard (1934)
Nascido em Nova Jersey , Meier formou-se pela Cornell University. No início de sua carreira, viaja pela Europa e faz contato com Le Corbusier, que seria sua grande influência. Entre suas obras destaca-se a Douglas House, de imagem branca, que o projetou internacionalmente. Seus mais recentes projetos incluem o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona. É membro do American Institute of Architects -AIA, onde recebeu vários prêmios.
Mies van der Rohe, Ludwig (1886-1969).
Arquiteto alemão. Radicado nos EUA, foi uma das figuras centrais do racionalismo arquitetônico moderno.
Moreira, Jorge Machado (1904-) .
Morgan, Julia -(1872 - 1957)
Arquiteta americana, foi uma das primeiras mulheres graduadas em engenharia civil, na University of California, em 1894, e tornou-se a primeira a ser admitida na École des Beaux-Arts, prestigiada escola de arquitetura em Paris. Entre seus mais famosos projetos está o Hearst Castle
Arquiteto brasileiro -Ministério da Educação e Saúde – atual Palácio da Cultura
(1936-1943); edifício Antônio Ceppas (1952); Instituto de Puericultura (1953) no Rio de Janeiro,
RJ.
Niemeyer, Oscar (1907-) .
Arquiteto brasileiro - Ministério da Educação e Saúde – atual Palácio da Cultura (1936-1943) no Rio de Janeiro, RJ; conjunto da Pampulha (1940) em Belo Horizonte, MG; Pavilhão de Exposições do Parque Ibirapuera (1951-1954) em São Paulo, SP; projeto dos edifícios governamentais de Brasília (1958); Mesquita de Argel (1968) em Argel, Argélia;Memorial da América Latina (1989) em São Paulo, SP; Museu de Arte Contemporânea (1996) em Niterói, RJ.
Palladio, Andrea di Piero (1508-1580).
Arquiteto italiano: Villa Rotonda (1550-1551) em Vicenza; igreja San Francisco della Vigna (1562) em Veneza, Itália.
Piano, Renzo (1937-).
Arquiteto italiano: Centro Georges Pompidou (1977) em Paris, França; Museu Menil Collection (1981) em Houston, EUA.
Reidy, Affonso Eduardo (1909-1964) .
Arquiteto brasileiro - Ministério da Educação e Saúde – atual Palácio da Cultura (1936-1943); Museu de Arte Moderna (1954-1959) no Rio de Janeiro, RJ; Museu Nacional (1960) no Kuweit.
Rogers, Richard George (1933-).
Arquiteto inglês: Centro Georges Pompidou (1977) em Paris, França; edifício do Lloyds (1979-1984) em Londres, Inglaterra.
Rossi, Aldo (1931-).
Arquiteto italiano: Complexo Residencial Gallaratese II (1970-1973) em Milão; novo Cemitério de San Cataldo (1971) em Modena; reconstrução da Ópera de Gênova (1983-1990) em Gênova, Itália.
Saarinen, Eero (1910-1961).
Arquiteto finlandês. Sua obra contribuiu para o desenvolvimento da arquitetura moderna a partir da década de 1950.
Sullivan, Louis (1856-1924).
Arquiteto americano. Iniciador da moderna arquitetura dos EUA, responsável pela estética dos arranha-céus.
Tange Kenzo (n. em 1913).
Arquiteto japonês. Seus projetos caracterizam-se pelo equilíbrio entre a tradição japonesa e a arquitetura racionalista do século XX. Destacou-se após a segunda guerra mundial, com a construção de edifícios governamentais.
Van de Velde, Henry (1863-1957).
Pintor, arquiteto e decorador belga. Um dos iniciadores do estilo art nouveau, conhecido também como modern style e caracterizado pelo emprego de linhas sinuosas, em geral derivadas de formas da natureza.
Vilanova Artigas, João Batista (1915-1985) .
Arquiteto brasileiro - Estação Rodoviária de Londrina (1950); Estádio do Morumbi, em São Paulo (1952); garagem de barcos do Santapaula Iate Clube, em São Paulo (1961); prédio da FAU-USP (1962).
Viollet-le-Duc, Eugène-Emmanuel (1814-1879).
Arquiteto francês. Contribuiu para o reconhecimento do gótico como uma das etapas mais importantes da história da arte ocidental.
Vitrúvio (séc. I a.C.).
Marco Vitrúvio Pollio, arquiteto romano. Seus estudos influenciaram as concepções estéticas renascentistas e barrocas.
Wren, Christopher (1632-1723).
Matemático astrônomo e arquiteto inglês. Difusor da estética classicista na Inglaterra, foi o arquiteto mais importante de sua época. Autor do projeto da catedral de São Paulo.
Wright, Frank Lloyd (1867-1959).
Arquiteto Americano. Herdeiro da escola de Chicago, revolucionou a arquitetura do século XX com inovadoras concepções espaciais.
 

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